No caso de um móvel deslizando em um plano horizontal, pode-se considerar, basicamente, duas condições: (1) ideais (livres de atrito) ou (2) reais (considerando o atrito e/ou resistência do ar). Vejamos a seguir a análise desses fenômenos. Primeiramente, vamos considerar um plano horizontal sem atrito (1).
Fgura 01
O móvel acima, se desloca da direita para a esquerda, sob a ação da gravidade , velocidade e sobre uma superfície livre de atritos. Faz-se necessário, para estudo do fenômeno, adotar algumas etapas triviais: (i) identificar as forças atuantes o sistema (superfície – móvel), (ii) traçar os eixos imaginários do plano cartesiano e posteriormente, (iii) determinar a força resultante atuante no sistema.
(i) Identificando as forças atuantes:
Tendo em vista que o móvel se encontra sob o efeito do campo gravitacional , a força peso passa a atuar no centro de massa do móvel e é descrita pela segunda Lei de Newton:
Sua direção é vertical, seu sentido é para baixo, onde seu par ação e reação é no centro da terra de acordo com a 3ª Lei de Newton, como é mostrado na figura 02:
Figura 02
Devido o bloco estar apoiado e “forçando” o solo para baixo com uma força de contato de mesma direção, módulo e sentido da força peso (), o solo “responde” à esse apoio, também fundamentado pela 3ª Lei de Newton. Essa força é chamada de força normal (), como pode ser observado na figura 03.
Figura 03
A força normal () é sempre perpendicular com a superfície de contato, ou seja, possui um ângulo de 90° com a superfície.
Note que, a força normal (), apesar de ter o mesmo módulo, direção e sentido contrário da força peso (), ela, de acordo com a 3ª Lei de Newton, não faz par de ação e reação com a força peso (), pelo motivo já mencionado no quarto parágrafo dessa aula complementar.
Como o sistema abordado nesse item é ideal (livre de atritos e sem a presença de forças de resistência do ar), tem-se na figura 03 todas as forças atuantes já expressas. Próxima etapa:
(ii) Traçando os eixos imaginários do plano cartesiano
Essa é a etapa mais fácil! Devemos traçar dois eixos imaginário (formando um plano cartesiano) de forma que suas direções coincidam com o maior número de forças atuantes no sistema. Por exemplo: se escolhermos a posição do eixo paralela com a superfície deslizante do sistema, todas as forças atuantes coincidirão com o eixo, conforme mostra a figura 04. Melhor do que imaginávamos, não é?
Figura 04
Agora que identificamos as forças atuantes e traçamos os eixos imaginários, podemos determinar as forças resultantes:
(iii) Determinação das forças resultantes
Essa etapa é um pouco mais difícil que a anterior, mas não nesse caso, pois todas as forças estão superpostas nos eixos . Podemos subdividir essa etapa, de forma didática, da seguinte forma:
a) Analisar o tipo de movimento realizado pelo móvel!
Para tal, precisamos fazer a seguinte pergunta: o movimento se dá em que direção? No eixo ou no eixo ? De acordo com o enunciado do fenômeno no segundo parágrafo, o móvel não realiza movimento no eixo , portanto neste eixo, o móvel se encontra em repouso, apesar de observarmos ele em movimento somente no eixo . Isso significa que as forças atuantes no eixo estão em equilíbrio (“se anulam”) e como no eixo só existe a força (), sem a presença de qualquer outra força em sentido contrário anulando-a, então não está em equilíbrio. Portanto é a única força responsável pelo movimento do móvel da esquerda para a direita. Difícil? Nem tanto. É na verdade uma brincadeira de “cabo de guerra”. Usando a linguagem matemática vai ficar mais claro…
b) Somar as forças atuantes em cada eixo!
Primeiro, é prudente começar pelo eixo onde as forças se equilibram. Qual? Isso mesmo: o eixo .
Quais são as forças atuantes no eixo ? Bem fácil: força peso () e força normal (), não é mesmo? Agora devemos somá-las, pois queremos encontrar a força resultante () no eixo . Sem esquecer que em alguns livros didáticos a força resultante também é chamada de força soma (). Como podemos escrever isso matematicamente? A operação soma das forças atuantes no eixo é dada pela equação abaixo:
, onde:
- é a força resultante no eixo ;
- são as forças atuantes no eixo que são e ,
- e Sigma na verdade é uma letra grega maiúscula que expressa a operação de soma.
Como se sabe, o somatório das forças no eixo é zero, tendo em vista que o móvel só está em movimento no eixo (conceito descrito detalhadamente no item iii, subdivisão a ). Então, a equação fica da seguinte forma:
, onde:
A terminologia representa, em linguagem mais acessível a “anulação de um vetor”. Matematicamente é chamada de vetor nulo. Continuando o cálculo, tem-se:
Isolando , tem-se:
Percebam que possui sinal negativo em relação a . Isso significa fisicamente que as forças possuem sinais contrários. Mas, como isso pode ser tratado matematicamente?
No plano cartesiano de eixos é comum adotar sinais com base em sua origem (o), podendo ser observado na figura 05:
Figura 05
O eixo imaginário à direita, partindo de sua origem (O), corresponde à reta de números com sinais positivos, assim como o eixo na parte superior.
Já o eixo imaginário à esquerda, partindo da mesma origem (O), corresponde à reta de números com sinais negativos, assim como o eixo . Qual a importância disso? Todos os vetores sobre os eixos imaginários, adotarão o sentido indicado. Por exempo: a força será negativa, pois seu sentido, no eixo é para baixo. Já a força será positiva, pois seu sentido, no eixo é para cima. Então podemos reescrever a equação (4) como:
Caso queira-se isolar a força na equação , obtêm-se
Múltiplicando ambos os lados por , têm-se
Os vetores força somente são iguais somente em módulos e direção. Seus sentidos são opostos, por isso que deve ser alterada a forma de escrever equação . Com isso conclui o somatório das forças atuantes no eixo e consequentemente obtêm-se essa relação de igualdade. A próxima subdivisão (didaticamente falando) é determinarmos o somatório das forças no eixo .
Como mencionado no item (a), a única força responsável pelo movimento é , portanto a operação soma das forças atuantes no eixo é dada pela equação abaixo:
, onde:
- é a força resultante no eixo ;
- são as forças atuantes no eixo . (neste caso, somente a força ),
- e é a aceleração causada no móvel pela atuação da força .
Então, rearranjando a equação, tem-se:
Como a força no eixo possui o sentido para a direita, trata-se de uma força de sinal positivo.
Nessa análise, encerra-se os conteúdos relacionados ao fenômeno de deslizamento de um móvel em uma superfície horizontal livre de atritos. Mas… E quando o atrito é considerado? A análise do fenômeno poderá ser vista nas Aulas adicionais – Plano horizontal (Com atrito).
Bons estudos!